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Cálculo leva em conta média de valores em ações do tipo e extensão da mancha de inundação. Município nega que tenha havido omissão. Para o Ministério Público, houve falhas em todos os tipos de estrutura que compõem o sistema de proteção contra cheias da capital. Imagem aérea mostra centro de Porto Alegre tomado pela água do Guaíba nesta segunda-feira (13)Diego Vara/ReutersA ação movida pelo Ministério Público, que busca indenização da Prefeitura de Porto Alegre por dano moral coletivo aos atingidos pela enchente de 2024, pode custar R$ 4,7 bilhões aos cofres públicos em caso de condenação, segundo estimativa da Procuradoria-Geral do Município (PGM).???? Acesse o canal do g1 RS no WhatsAppO cálculo leva em conta a média dos valores estabelecidos pela Justiça em ações do tipo e a extensão da mancha de inundação — que abrange 160 mil pessoas. A PGM informou que foi intimada na quinta-feira (10). O prazo para esclarecimentos ao Judiciário se encerra em 22 de abril.A ação civil pública cita "omissão" da Prefeitura e "falhas" no sistema de proteção contra cheias. O procurador-geral do município, Jhonny Prado, nega e sustenta que se tratou de "uma situação extraordinária e inevitável".Na última semana, a Justiça suspendeu a tramitação de todas as ações de cidadãos contra o município de Porto Alegre relacionadas à enchente. A medida atendeu a um pedido do MP.Ação coletivaA Promotoria requer que o município seja condenado a pagar R$ 50 milhões em indenização por dano moral coletivo. O montante pedido na ação seria destinado a um fundo específico para obras de adaptação climática, como jardins de chuva e corredores ecológicos, conforme os promotores.O MP também reivindica indenização por danos materiais e morais causados pelas inundações a todos os moradores, trabalhadores e empresários das áreas protegidas pelo sistema de proteção contra cheias.MP aponta falhasRuas alagadas na cidade de Porto Alegre em 14 de maio de 2024.Anselmo Cunha / AFPO sistema de proteção contra cheias de Porto Alegre é composto por quatro tipos de aparatos: diques, Muro da Mauá, comportas e casas de bomba. A estrutura foi criada na década de 1970, cerca de 30 anos depois da cheia histórica de 1941.De maneira geral, as bombas "expulsam" as águas da cidade, enquanto os diques, o muro e as comportas trabalham para impedir que as águas de fora entrem na área urbana. No entendimento do MP, houve falhas em todos os tipos de estrutura."Não há qualquer dúvida de que a cidade de Porto Alegre só foi inundada no desastre porque houve falhas em diversos dispositivos do seu Sistema de Proteção contra Cheias, e todas essas falhas ocorreram por negligência de agentes públicos da Prefeitura Municipal da Capital, ao longo de muitas gestões", diz trecho da ação civil pública.Entre as falhas que o Ministério Público aponta estão a falta de vigilância, monitoramento e manutenção adequados das comportas, casas de bomba e diques, e omissão na manutenção de equipes técnicas capacitadas e na elaboração de um plano de contingência eficiente."O município foi negligente na vigilância, no monitoramento, na manutenção e na modernização do sistema, e foram essas falhas que causaram a inundação no interior da cidade e os danos materiais e morais aos seus habitantes, trabalhadores e empresários", complementa.Centro de Porto Alegre fica abaixo d'água durante enchenteVÍDEOS: Tudo sobre o RS