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De policial civil a atendente do Samu: homem inventava profissões para extorquir vítimas no Vale dos Sinos

Preso na semana passada, Eliandro José dos Reis coleciona ocorrências envolvendo golpes desde 2012.

Por Gervásio do POA 24h

24/05/2023 às 10:49:13 - Atualizado hĂĄ

Aos 43 anos, Eliandro José dos Reis aparentava ter uma rotina normal. Formado técnico em enfermagem, casado e conhecido na vizinhança em Dois Irmãos, para muitos, ele trabalhava como motorista de aplicativo. Para outros, no entanto, era policial civil. Dependendo do local onde se apresentava, podia ser perito criminal ou atendente do Serviço de Atendimento Móvel de UrgĂȘncia (Samu). As diferentes identidades usadas por Reis seriam, de acordo com a polĂ­cia, meios de ele obter vantagens junto a vĂ­timas.

Preso por extorsão na Ășltima quinta-feira (18), no municĂ­pio do Vale do Sinos, o homem, que acumula ocorrĂȘncias por estelionato desde 2012, permaneceu em silĂȘncio durante interrogatório. Independentemente de qual versão do suspeito conheciam, quem convivia com Reis foi surpreendido com a revelação das suas mĂșltiplas facetas.

Conforme a PolĂ­cia Civil de Dois Irmãos, uma investigação foi aberta neste mĂȘs depois que uma pessoa procurou o órgão relatando ter sido extorquida. Contou que ela e parentes foram procurados, em casa e no trabalho, por um homem que afirmava ser policial civil. Esse homem seria Reis, que dizia atuar no Departamento Estadual de Investigações do NarcotrĂĄfico (Denarc) e ter recebido informações que poderiam levar à prisão da vĂ­tima.

Ele pedia dinheiro para evitar a detenção. Segundo a polĂ­cia, um familiar dessa pessoa, bastante assustado com a abordagem, fez um depósito de quase R$ 600 para o golpista, que, após algum tempo, teria procurado novamente a famĂ­lia e pedido mais dinheiro. Por telefone, uma pessoa com voz feminina teria se identificando como delegada e confirmado a história de Reis para a vĂ­tima, que então desconfiou do caso e acionou a polĂ­cia.

Durante a investigação, o delegado Felipe Borba diz ter localizado diversas ocorrĂȘncias similares contra o homem. A mais antiga é de 2012, registrada em Sapucaia do Sul. Na época, o dono de um posto de combustĂ­veis contou que Reis abasteceu o carro e, na hora de pagar, disse ter tido problemas com o cartão do banco e que voltaria mais tarde para acertar a conta, dizendo ser um atendente do Samu. Ele estaria, inclusive, com roupas identificadas com o nome do Samu.

— O estelionatĂĄrio tem esse perfil de ter muita facilidade em se relacionar com as pessoas, de ganhar credibilidade. É bastante comum circular em vĂĄrios grupos. Chama atenção que ele se passava por falso policial e, ao mesmo tempo, tinha vĂ­nculo com pessoas ligadas ao trĂĄfico, como informante. Nos relacionamentos que ele teve a partir de aplicativos, fica clara a intenção de angariar mais pessoas para obter mais e mais ganhos.

Ainda assim, o homem não teria um padrão de vida elevado, conforme a polĂ­cia. A investigação aponta que ele teria obtido R$ 15 mil em um golpe aplicado pela internet em 2021. Nas demais ocorrĂȘncias, a quantia obtida não costumava passar de R$ 1 mil.

Natural de Cascavel, no ParanĂĄ, Reis é técnico em enfermagem e trabalhou por um breve perĂ­odo em hospitais na região. Vivia com uma companheira em uma casa simples em Dois Irmãos e dvidia o tempo entre a residĂȘncia e a casa de familiares em Portão. Ele seria casado hĂĄ pelo menos 15 anos. À polĂ­cia, a mulher negou que tivesse conhecimento sobre a conduta do homem.

— Ela afirmou que ele não ficava sempre em casa, que costumava descansar de dia e trabalhar à noite. Foi uma surpresa para ela, para os vizinhos, porque até então era só mais um morador comum. Foi uma surpresa de forma geral, para quem achava que ele era um policial, para todos os que conheciam ele — explica Borba.

Contraponto

A Defensoria PĂșblica do Estado (DPE/RS) afirmou que foi procurada, nesta terça-feira (23), pela famĂ­lia de Reis, que solicitou atuação na defesa. A instituição afirma que o processo estĂĄ em segredo de Justiça e que irĂĄ se manifestar apenas nos autos do processo.


Fonte: GZH
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