Resultado do júri deve ser conhecido nesta quinta-feira (19). Yago Rudinei da Silva Machado, enteado da vítima, e Ledamaris da Silva, esposa, respondem por homicídio duplamente qualificado contra Glaiton Silva Contreira. Glaiton Silva Contreira, de 52 anos comandava os pelotões dos Bombeiros de Montenegro e Taquari
Reprodução/Facebook
Foram interrogados, na noite desta quarta-feira (18), mãe e filho acusados de matar o bombeiro Glaiton Silva Contreira, de 52 anos, em 2020, em Sapiranga, Região Metropolitana de Porto Alegre. Ledamaris da Silva, esposa do militar, e Yago Rudinei da Silva Machado, enteado da vítima, respondem por homicídio duplamente qualificado.
Antes das manifestações dos réus, os jurados ouviram os depoimentos de um policial militar, testemunha de acusação, e as testemunhas de defesa: dois médicos psiquiatras, uma psicóloga, um amigo do réu e o pai do réu.
O júri deve prosseguir nesta quinta (19), com os debates entre acusação e defesa.
O advogado Nemias Rocha Sanches, que representa Ledamaris, afirma que a ré "não tem nenhuma ligação com o crime, sendo uma pessoa inocente". A advogada Michelle Jociane Ali Zini, que representa Yago sofre de esquizofrenia paranóide e que "possui diversos laudos médicos de peritos judiciais, inclusive comprovando a doença mental dele e isso não pode ser ignorado".
Ledamaris aguardou o julgamento presa preventivamente no Presídio Estadual Feminino Madre Pelletier, em Porto Alegre. Já Yago chegou a ser encaminhado ao Instituto Psiquiátrico Forense (IPF), em Porto Alegre. De acordo com a defesa do réu, atualmente ele está preso na Penitenciária Estadual do Jacuí, em Charqueadas.
Conforme denúncia do Ministério Público, Ledamaris e Yago planejaram o crime por motivos patrimoniais. Glaiton foi sedado com gás sevoflurano, utilizado em anestesias gerais, sendo levado de carro até um local ermo, onde foi morto com cortes de estilete no pescoço.
Os promotores Karen Cristina Mallmann e Francisco Saldanha Lauenstein sustentam que Yago fugiu do local deixando a arma do crime, um celular e pertences do padrasto sob uma ponte.
Tenente foi encontrado um dia depois do crime, na região de Sapiranga
Polícia Civil/Divulgação
Relembre o caso
O tenente Glaiton Silva Contreira desapareceu no 25 de outubro de 2020 e foi encontrado morto um dia depois em Sapiranga. Segundo a Polícia Civil, ele tinha uma marca de golpe de objeto perfurante no pescoço. Na ocasião, o enteado foi preso e, segundo o delegado Fernando Branco, admitiu a autoria do crime.
O Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul lamentou a morte do tenente. Conforme a corporação, Contreira comandava os pelotões de Montenegro e Taquari, do 2° Batalhão de Bombeiro Militar.
De acordo com a investigação policial, o bombeiro e a então esposa iriam se separar e o enteado acreditava que a mãe e ele seriam prejudicados com a divisão de um imóvel da família. "A motivação foi patrimonial", disse o delegado Fernando Branco na época.
Durante o inquérito, foi descoberto que o enteado teria desviado medicamentos do hospital em que trabalhava, em Sapiranga. "Foi premeditado. Ele era estagiário de um hospital e, durante duas semanas, ele desviou os anestésicos que iam pro descarte. Era uma espécie de éter", afirmou o delegado.
A mulher foi presa no início de novembro de 2020, por suspeita de planejamento e execução da morte de Glaiton. Ela teria dopado a vítima e ajudado o filho a levar o marido, desacordado, até o carro.
Ainda em novembro, o enteado de Glaiton Silva Contreira foi encaminhado para o Instituto Psiquiátrico Forense (IPF), em Porto Alegre, após decisão judicial. A defesa solicitou a soltura do jovem de 25 anos, alegando que ele era "doente mental (esquizofrênico) e, portanto, sua confissão à autoridade policial, que defende irregular, deve ser vista com reservas". A Justiça negou a soltura do suspeito, mas concordou em transferi-lo para o IPF, para que recebesse tratamento psicológico adequado.
Nota da defesa de Ledamaris:
"Buscaremos a absolvição da Sra. Ledamaris Contreira, pois ela não tem nenhuma ligação com o crime, sendo uma pessoa inocente. A decisão de pronúncia ao julgamento popular é um mero juízo de admissibilidade, pois os jurados são os julgadores naturais dos crimes dolosos contra a vida, sendo amanhã [esta quarta-feira] o dia que o Ministério Público deverá provar sua acusação, pois cabe ao órgão acusatório provar os fatos alegados, dentro do processo penal democrático. Será o dia de buscar na plenitude de defesa, restaurar a dignidade e a liberdade de uma mulher inocente e doente, restabelecendo a verdade e justiça!"
Nota da defesa de Yago:
"Hoje, teremos a oportunidade de mostrar a sociedade a condição médica do Yago, já que a justiça até o momento vem o tratando como uma pessoa plenamente capaz de entender a ilicitude do fato. A Esquizofrenia Paranóide é uma doença mental desenvolvida a partir dos traumas de infância vivenciados por ele. Yago possui diversos laudos médicos de peritos judiciais, inclusive comprovando a doença mental dele e isso não pode ser ignorado. Ainda hoje no Brasil os deficientes físicos e mentais não possuem um olhar inclusivo por parte da sociedade e hoje estamos trazendo para o tribunal do júri a problemática dos transtornos mentais frente a sociedade. Defendemos que o acusado é pessoa frágil e que sofreu abusos que culminaram como resultado a fatalidade da vítima, vítima essa que contribuiu com o estado mental desenvolvida pelo acusado."
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