RS sofre com falta de UTIs neonatais, dizem entidades médicas; Secretaria da Saúde afirma que o número é suficiente
  • Porto Alegre, 13/09/2024
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RS sofre com falta de UTIs neonatais, dizem entidades médicas; Secretaria da Saúde afirma que o número é suficiente

Estado tem 872 leitos, 40% deles do Sistema Único de Saúde (SUS). Fechado desde maio, Centro Obstétrico do Hospital Mãe de Deus fez Rio Grande do Sul perder 10 desses espaços


RS sofre com falta de UTIs neonatais, dizem entidades médicas; Secretaria da Saúde afirma que o número é suficiente Estado tem 872 leitos, 40% deles do Sistema Único de Saúde (SUS). Fechado desde maio, Centro Obstétrico do Hospital Mãe de Deus fez Rio Grande do Sul perder 10 desses espaços


A interrupção do atendimento do Centro Obstétrico do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, fez o sistema gaúcho perder 10 leitos de UTI neonatal. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde (SES), mesmo com a redução, o Rio Grande do Sul segue com número suficiente de espaços desse tipo. Entidades dizem o contrário, ao afirmarem que os dados oficiais não refletem a rotina nos centros de saúde. 

Segundo a direção do Mãe de Deus, a redução nas UTIs neonatais é momentânea: a estimativa é que o local volte a funcionar no primeiro trimestre de 2025. O Centro Obstétrico – que tem também 18 leitos de maternidade – não retornou às atividades depois da inundação ocorrida na enchente de maio. 

Sobre a situação do Mãe de Deus, a Secretaria Estadual da Saúde disse não ter gerência sobre as habilitações de leitos privados. No entanto, destacou que a maternidade e a UTI neonatal da instituição são “serviços de assistência obstétrica e neonatal importantes para o sistema de saúde do RS”.

Conforme a pasta, o Estado tem número de leitos superior ao estabelecido pelo Ministério da Saúde (MS): há 348 desses espaços mantidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no RS, quando a necessidade é de 240. O cálculo foi feito a partir do número de nascidos vivos em 2023 – deve haver dois leitos para cada mil nascidos; o RS tem 2,9.

A SES também informou que o número de leitos de UTI neonatal era de 352 em 2019, passou para 339 em março de 2023 e é 348 na data de publicação desta reportagem. Segundo a pasta, investimentos em UTIs neonatais são feitos por meio do Programa de Incentivos Hospitalares e do Programa Avançar na Saúde. Segundo dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), entre SUS, convênio e privado, o Estado tem 872 leitos.  

Faltam leitos, dizem entidades

A situação do Centro Obstétrico da Mãe de Deus motivou posicionamentos de entidades médicas. A Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Rio Grande do Sul (Sogirgs) emitiu uma nota de “preocupação e repúdio”. “Esta medida sobrecarrega a já saturada capacidade de atenção perinatal do sistema de saúde do nosso Estado, impactando na atenção às gestantes e recém-nascidos. Esperamos que os Serviços Hospitalares ampliem sua atenção à essencial fase da vida que é o nascimento”, diz o material.

Para José Paulo Ferreira, presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), a situação não deve ser analisada na perspectiva matemática, pois há desdobramentos que não são contabilizados quando se considera apenas o cálculo de vagas. — Mesmo que o número seja adequado, o fato é que faltam leitos. Exemplo: uma criança que nasceu em Pelotas e é transferida para Passo Fundo porque lá tem leitos. A família viaja 400 quilômetros de ambulância ou precisa de um helicóptero. O Estado está cumprindo seu papel, tem leito, mas é grande o estresse que gera e há risco para a criança. É importante entender que a estatística não compensa a vida de um filho perdido — comenta.

Outro ponto destacado pelo médico é que a contagem de leitos não considera a sazonalidade das estações. Marcelo Sclowitz, coordenador do Núcleo de Obstetrícia do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, argumenta que a falta de leitos de UTI do tipo tem sido uma constante nos 24 anos em que atua na profissão. — Precisar de leitos de UTI neonatal é sempre algo difícil, desafiador, porque normalmente não tem, precisamos remanejar ou aguardar. Dizemos que é “ouro” quando temos algum à disposição. Não podemos deixar que fechem os que existem — pontua.

Para ele, o fato de haver leitos de UTI neonatal em 27 dos 497 municípios do RS indica que há uma distribuição irregular das vagas, o que prejudica quem precisa de atendimento longe das cidades populosas. — O Interior sofre mais com essa situação. Há muitas cidades que não têm UTI neonatal nem centro obstétrico. Então é preciso levar o paciente para outro local, em um deslocamento de horas. A distância não é um problema na Região Metropolitana, mas também passamos por esses desafios porque vemos que também há uma escassez de leitos de UTI neonatal — comenta.




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