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Casal de influenciadores investigado por esquema de rifas é preso por descumprimento de ordem judicial, afirma polícia

A defesa do casal informa que "ficou surpresa com a decretação da prisão, tendo em vista que já havia promoção de arquivamento parcial de alguns delitos e possiblidade de acordo

Por Gervasio Goncalves em 04/06/2025 às 22:59:05
Casal suspeito de golpe da rifa vivia em apartamento de luxo em Balneário Camboriú

Casal suspeito de golpe da rifa vivia em apartamento de luxo em Balneário Camboriú

Gladison Pieri e Pâmela Pavão foram presos, nesta quarta-feira (4), em Canoas. Apuração policial afirma que investigados teriam continuado promovendo rifas e sorteios por meio de um "perfil de laranja". Gladison Pieri e Pamela Pavão, influenciadores presos durante operação contra rifas virtuais ilegais

Reprodução

O casal de influenciadores digitais Gladison Pieri e Pâmela Pavão foi preso, nesta quarta-feira (4), por descumprimento de ordem judicial, conforme a PolĂ­cia Civil. A prisão preventiva aconteceu em Canoas, Região Metropolitana de Porto Alegre.

A defesa do casal informa que "ficou surpresa com a decretação da prisão, tendo em vista que jĂĄ havia promoção de arquivamento parcial de alguns delitos e possiblidade de acordo". (leia, abaixo, na Ă­ntegra)

Segundo a apuração, o casal vinha desrespeitando decisões judiciais desde a deflagração da operação, em 2024. Eles chegaram a ser presos anteriormente, durante investigação policial, que descobriu que a dupla sorteava casas, apartamentos, motocicletas, motos aquĂĄticas, dinheiro, carros e procedimentos estéticos por meio de rifas na Internet, o que é ilegal.

Os dois respondem pelos crimes de exploração de jogos de azar e lavagem de dinheiro. Entenda abaixo.

A polĂ­cia afirma que os investigados teriam continuado promovendo rifas e sorteios por meio de um "perfil de laranja" nas redes sociais. Identificado por meio de apuração policial, um perfil de um amigo do casal estaria na titularidade de Gladison Pierri.

A palavra "laranja", sozinha, pode ser empregada para definir alguém que assume uma função ou responsabilidade no papel, mas não na prĂĄtica. Isso significa dizer que o laranja cede seu nome, com ou sem consentimento, para uso de outra pessoa. O termo, nesses casos, aparece geralmente em investigações policiais sobre fraudes.

Acordo para não ser processado

O casal aceitou fazer um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) com o Ministério PĂșblico (MP) para não ser processado.

O ANPP é um acordo entre o MP e uma pessoa investigada para evitar o processo judicial: uma alternativa ao processo penal tradicional que é aplicada em casos de crimes menos graves, quando "não houve violĂȘncia ou grave ameaça" e a pena é inferior a quatro anos de prisão.

O acordo é celebrado antes do inĂ­cio da ação penal e só passa a valer após avaliação de um juiz.

O esquema

O casal de influenciadores Gladison Pieri e Pâmela Pavão investigados por crimes contra a economia popular, jogos de azar, lavagem de dinheiro e associação criminosa

Reprodução

Conforme a legislação brasileira, rifas virtuais são ilegais. Exceto caso haja uma autorização expressa do Ministério da Fazenda, todo e qualquer tipo de sorteio, seja envolvendo rifa ou qualquer outro jogo de azar, é tido como um "ato ilĂ­cito". Geralmente, hĂĄ permissão para causas filantrópicas, mas apenas de prĂȘmio e brindes – não de dinheiro. Além disso, a investigação policial aponta que, até 2023, o dinheiro pago pelo pĂșblico interessado nas rifas ia direto para as contas do casal, o que é irregular.

A partir de 2024, a dupla teria contratado uma "empresa de tĂ­tulo de capitalização". Só que, por lei, os tĂ­tulos precisavam estar vinculados a uma entidade beneficente, explica a PolĂ­cia Civil. O casal teria tentado dar legitimidade ao esquema ao associar as rifas a uma empresa de tĂ­tulos de capitalização.

O sistema adotado teria sido o "filantropia premiĂĄvel", em que parte da arrecadação das rifas deveria ser destinada a uma instituição social. No papel, 33,4% do valor arrecadado iria para uma ONG. No entanto, a investigação apontou que o projeto recebia apenas 2,4%, enquanto o restante voltava para os influenciadores, por meio de contratos de publicidade.

"Para nossa surpresa, a empresa capitalizadora, que é a maior especialista no assunto dentre todas as partes envolvidas, protagonizou a negociação que terminou por deixar apenas 2,4%, ao invés de 33,4% do faturamento bruto com as rifas para a filantropia", afirma o delegado Filipe Bringhenti.

Por fim, a polĂ­cia aponta para a prĂĄtica do crime de lavagem de dinheiro. Os valores arrecadados com as rifas, segundo a investigação, seriam misturados com o faturamento de empresas do casal, voltadas à prestação de serviços e também à venda de produtos paralelos.

Nota da defesa

"A defesa ficou surpresa com a decretação da prisão, tendo em vista que jĂĄ havia promoção de arquivamento parcial de alguns delitos e possiblidade de acordo. Como não tivemos acesso aos documentos vamos aguardar para uma anĂĄlise do que motivou essa decisão."

Casal suspeito de golpe da rifa vivia em apartamento de luxo em BalneĂĄrio CamboriĂș


Fonte: G1

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